quarta-feira, maio 31, 2006

Escolha

terça-feira, maio 30, 2006

Incubação

quinta-feira, maio 18, 2006

Dedicado ao DJ "Grace"!

Eu tenho um fraquinho por ti

Eu tenho um fraquinho por ti
tu não me dás atenção
tu não me passas cartão
quando eu me ponho a teu lado
tremo nervoso de agrado
e meto os pés pelas mãos
tu vais gozando um bocado
na minha pobre canção
e eu com o discurso engasgado
fico a um canto, que arrelia
de toda a cerveja ria
onde vai rasgar a noite
se te olho com ternura
olhas-me do alto da burra
que mais parece um açoite
é um susto um arrepio
que me malha em ferro frio.

Eu tenho um fraquinho por ti
que me vai de lés a lés
tu dás-me sempre com os pés
quando me atiro enamorado
num estilo desajeitado
disfarço em bagaço e café
tu fumas o teu cruzado
e fazes troça, pois é,
já tenho o caldo entornado
esqueces da noite p'ro dia
em alegre companhia
de saídas e rodadas
tu ficas nas sete quintas
marimbas, estás-te nas tintas
p'ra que eu ande às três pancadas
basta um toque sedutor
eu cá sou um pinga amor.

Eu tenho um fraquinho por ti
que me abrasa o coração
quase me arrasa a razão
a tua risada rasteira
deixa-me de rastos, à beira
do enfarte da congestão
encharco-me em chá de cidreira
mofas de mim à tua maneira
lá fazes a despedida
ao grupo que vai de saída
dos amigos da Trindade
mas no fim da noite, à noitinha,
acabas triste, sozinha
à procura de amizades
e como é costume
chamas o parvo que sou eu.

Afino uma voz de tenor
ensaio um ar duro de macho
quando estás na mó de baixo
quero ver-te arrependida
mas numa manobra atrevida
rufia, muito mansinha,
dás-me um beijo vida minha
que me põe num molho num cacho
estremeço com pele de galinha
e gosto de ti trapaceira
da tua piada certeira
do teu aparte final
do teu jeito irreverente
do teu aspecto contente
do teu modo bestial
noutra palavra mais quente
eu tenho um fraquinho por ti.

Fausto

Que cada frase em vez de um habilidoso disfarce, fosse uma sedução (...) e um acto sem subterfúgios. Para tanto limpo-a escrupulosamente de todas as impurezas e ambiguidades.

Ambiguidades

segunda-feira, maio 08, 2006

Alienação Azul

Uma Pedra Fria, Um Silêncio Aflito!

Aqui deitada no chão de pedra fria, descanso o corpo e trabalho a mente!
apenas queria fechar os olhos e deixar que o meu pensamento abandonasse o corpo.

Apetecia-me sentir o vento a arrepiar-me a pele
Apetecia-me ouvir "aquela" viola que fala em belos acordes;
Apetecia-me desnudar-me e ser pintada com brandura!

Sinto-me nua, crua!
Vagueio num espaço incerto e sinto-me exposta.

Não desejo viver a vida que me desenharam.
Quero ser eu a pintar o meu quadro
Quero ser eu a encontrar a minha casa, a minha alma, o meu sol!

O chão começa a ficar quente! O meu corpo está quente!
Oxalá caíssem umas gotas de água pra apagar o meu lume, nem que por um instante...

Sei que em breve abrirei as asas pra mais um voo
Sei que em breve pintarei mais um quadro sem titulo
Sei que em breve a saudade virá abraçar-me...de novo!!!!!!

Sinto que vou deixar algo inacabado...
Uma janela entreaberta a fazer telintar um espanta espíritos!

O meu pensamento parece não querer abandonar o corpo
O meu corpo parece querer infiltrar-se no chão, plantando a minha semente
o meu desejo ficará semeado neste chão, nesta viagem!

Esta noite, não me apetece sentir,
Deixo por terra o meu fogo apagado,
Talvez amanhã ele seja ateado!

Cátia Marques

Ribeira de Cobres

Sentir!

Sentir sem saber porquê! Sim, talvez porque sentir seja algo que nos submete a prazeres e sensações, que necessáriamente e individualmente não somos capazes de nos ôpor.
É um caso somatório da nossa existência, incapaz de se abreviar às multiplas condições do ser social, como organismo mais atarefado, mais exigente por obrigatoriedade, mais mecanizado por via de uma época com frequentes choques e dilemas - É este o nosso mundo, e sempre foi.
Sentir - uma palavra que se repete, uma palavra que se quer sempre. Mas não deixa de ser um sentir especial, até demasiadamente oposto ao sentir do social em comflito - o comflito da morte e tortura - sim, porque a tortura é tudo, hoje em dia. Somos capazes de tudo, mas, o sentir, o meu sentir, o sentir de alguns ou tantos como eu, é sempre diferente. Uma palavra simples, repleta de questões súbitas de lúxuria, mas com um factor estranho, imóvel, quanto estável. O meu interior é como algo vigoroso mas incompleto nesta indifinição de prazer, exotismo. Uma barreira está sempre erguida. Para passá-la, basta um gesto, fácil como tudo, um pouco de nós, o concreto do nosso ser.
Sentir, palavra bela, tão breve no sentido que se quer dar. Mas está na hora de conhecer um pouco mais, de dar razão à vida, de enriquecer as palavras aqui ditas!